sábado, 28 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
O CHATO
o chato
sentimento chato é o amor
ora faz a alma sorrir
ora faz o coração sentir dor
deveriam colar esta palavra
no meio do caderno
para não ficar andando por aí
causando tanto temor
BANHO DE POESIA
banho de poesia
banho de poesia...
no quintal, no portão, na rua...
momento de ousadia.
AMOR PARALELO
amor paralelo
de um lado, majestoso sol
do outro, suave lua
num amor proibido
se olham de longe
na minha bela manhã
e também na sua
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
SUTIS RESPOSTAS AO LIVRO UNHAS VERMELHAS POÉTICAS (crônica)
Sutis Respostas ao livro Unhas Vermelhas Poéticas
É interessante fazer uma análise e refletir sobre uma marca
que naturalmente se fez: minhas unhas vermelhas. O livro Unhas Vermelhas Poéticas surgiu para homenagear a mulher e
paralelamente fazer uma crítica ao machismo, ainda existente de uma forma velada em nossa sociedade. Enquanto
algumas mulheres procuram livrar-se dele lutando por seus direitos outras absorvem a discriminação por questão de conveniência ou de violência.
O título do livro surgiu após observar que a cor vermelha nas
unhas se fazia presente a cada momento de escrita dos meus poemas, talvez
indiretamente já quisesse sentir e transmitir uma voz de autonomia e liberdade,
pois escrever também é arte e como toda arte, a poesia também é livre, e
somando a isso, a cor vermelha representar força e independência. Outra questão
também é que muitas mulheres gostam dessa cor no dia a dia ou em ocasiões
especiais. Logo, o título não poderia ser outro.
No entanto, o livro em si tomou dimensões muito relevantes
que não poderia eu, enquanto autora, deixar passar com indiferença. A princípio
porque percebi que o livro, direcionado a um interlocutor adulto e feminino, começou
a difundir com tamanha repercussão, assemelhando-se a um coro com grito de muitas
vozes, deixando claro que há uma sensação e necessidade de pertencimento da
mulher a um grupo livre, real ou
fictício. Isso demonstrado em suas ideias e atitudes.
As respostas à leitura dos poemas vêm chegando, por isso é
importante registrar este momento que com certeza influenciará outras respostas
futuras mais irreverentes, ousadas e questionadoras sobre a mulher, no sentido
de continuar a busca pelo respeito e valorização da essência feminina. Fatos como
o da costureira que ao me atender em seu local de trabalho, mostrando-me suas
unhas, agora pintadas de vermelho, e o mesmo acontecendo com uma advogada e uma
dentista, chamaram a minha atenção. Como a sensibilidade do meu olhar sempre procura entender o
que está além do que estou vendo e o meu sorriso busca o que há de belo além do
sorriso da outra pessoa, procurei ouvir profundamente o que estava além das
palavras também.
Comento o relato de uma mulher de aproximadamente trinta anos
que a partir da leitura do livro, passara a observar mais as suas mãos e que passara a usar a mesma cor em suas unhas, mais interessante ainda foi ouvi-la
contar sobre sua filha de doze anos que lê o livro à noite antes de dormir, já se
apropriando do mesmo. E, também, o comentário de uma pessoa da família sobre
sua filha de nove anos que a todo momento, quietinha, pega o livro e vai ler os
poemas em seu quarto. Reflito aqui: o que faz uma garotinha em seu mundo infantil/adolescente
despertar para leitura de poemas destinados à mulher adulta? Isso me instiga muito. Será que tem somente
curiosidade ou há pequenos ensaios de se fazer uma nova história feminina? É de
se pensar.
Seguindo... mais adiante uma mulher me contou que leu os poemas em voz
alta fazendo questão de que o marido a ouvisse, achei engraçado; uma avó me disse que leu o livro com sua neta, e uma
outra senhora me falou que emprestou seu exemplar para a sua comadre que queria
ler. Mais e mais histórias chegando... e eu sentindo carinhosamente suas palavras. Surpreendeu-me uma moça de vinte e poucos anos fotografar suas
mãos sobre um poema e em seguida publicar a foto, mais vez minha cabeça foi longe: que palavra silenciosa foi dita naquele momento? E surpresa maior foi a
mesma tão jovem me dizer que quando criança seu pai a proibia de passar esmalte
vermelho, ora bolas, isso era comum na minha distante infância... quando cor
vermelha nas unhas tinha conotação de mulher “da vida”, mulher imoral que não poderia ser imitada, com
o argumento de que “ é coisa feia, moça de família direita não pode usar isso,
vermelho é para mulher que não presta e se você passar esse esmalte vai ficar
mal falada também”, diziam os mais velhos da região onde eu morava..., hoje eu
rio muito desses rótulos.
Assim, as meninas e
moças de minha época ouviam e tinham que obedecer, caso contrário apanhariam de
cinto ou de cipó, do pai ou da mãe, também condicionada ao costume, vítima do preconceito
repassado de mãe para filha, alienada às normas comportamentais de uma moral de
exclusão da mulher, e de sua vida própria, cotada somente como posse de um
senhorio e “boa pra casar”..., um sinal do machismo velado que passou e ainda
passa desapercebido, deixando profundas marcas de aprisionamento. Outro caso interessante é o das senhora de setenta e três
anos que não deixa de reservar horário no salão para a manicure pintar suas unhas, que simbologia essas unhas vermelhas de agora carregam? O que
ocultam? Uma “liberdade ainda que tardia”? Por que só agora? E o antes, que
histórias aconteceram até esse momento? Quais sonhos foram podados em nome de
um rótulo de mulher direita? O que foi fadado à essa senhora que agora sorri
prazerosamente ao olhar para suas mãos? E
as outras senhoras de sua idade que têm medo e vergonha desse “monstro” que
ainda mora em seus pensamentos, não
permitindo a si mesmas nem em dias de festa colocar vida em suas mãos? Foi dado
poder demais a um pequenino vidro de esmalte no passado.
Encerro essas palavras com o olhar sobre as jovens que
chegaram a mim, uma pedindo mais palavras e mais poemas como se estivesse descobrindo novos caminhos, a
outra apresentando suas unhas vermelhas, admirando-as. Estaria se identificando comigo
ou com minhas palavras? E o que dizer de uma jovem que rapidamente ilustrou um
poema e publicou-o nas redes sociais? E da outra jovem que fotografou a capa do
livro ao lado de flores e enviou a foto para eu ver? Não sei, porém, é nítido
que a sutileza de cada atitude e de cada palavra nas entrelinhas dizem muito
mais do que sou capaz de pensar ou
escrever.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
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