terça-feira, 17 de março de 2015

ENTRE LINHAS E ENTRELINHAS (CRÔNICA))

Entre linhas e entrelinhas ( crônica)

As palavras queriam conversar comigo há muito tempo, diziam estar com saudades de mim. No entanto, delas eu fugia e me escondia. Eu faltava aos nossos encontros programados, tinha medo de encontrá-las, medo de não saber dialogar com elas, pois por muito tempo já não dirigia-lhes nenhum olhar nem mesmo um sorriso, tampouco andávamos abraçadas. Mas na verdade, acho que eu fugia era de mim mesma e do que resultaria desse encontro.Uma vez que, na curva desse  tempo, o tempo se escondia.  Então, espiei pela frestinha do caderno, vi a paz do branco das folhas que outrora deixei, vi as linhas azuis ali à minha espera  me convidando a passear com elas novamente... Aos poucos  fomos nos reencontrando e nos abraçando nas ideias mais alegres e bonitas, mais doces e sensíveis, e, descobrimos juntas que ainda somos amigas, que para amigas  há distância mas não mas adeus não existe.


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Ivete Luz

sexta-feira, 6 de março de 2015

A CASA AZUL ( CRÔNICA)

A Casa Azul

A casa parecia ter morrido, com o descascado da tinta das paredes, com as plantas sem poda, com a grama alta, com as teias nas frestas, com as janelas emperradas, com os ciscos nas calçadas, que o vento levemente os fazia rodopiar.
Lentamente, a chave girava na fechadura da porta da sala que dava na varanda..., e, então, a porta foi se abrindo..., mesmo estando vazia, a casa estava mais viva que nunca e o espírito da casa sorria... Sorria no barulho das crianças engatinhando pelo chão, correndo pelo corredor e subindo no sofá cor de rosa... Sorria no som das gargalhadas das piadas após o almoço que se esticava, que agora ecoavam pelas paredes da cozinha... Sorria no cheiro de madeira dos móveis antigos, no cheiro do café da manhã, do bolinho de chuva, do pão assando ou do bolo de brevidade... Sorria no balançar da rede bege, na vista da paisagem ao longe onde as árvores iluminadas pelo sol do final da tarde se emendavam com as nuvens claras... Sorria principalmente embaixo da grande mangueira do quintal que abrigava e abraçava tantos risos, comilanças, brincadeiras e músicas da família aos domingos. 
Tudo está vivo. De um jeito diferente. Tudo está vivo no ar e dentro de cada um que viveu naquela casa azul.

terça-feira, 3 de março de 2015

ONDAS



ONDAS


Os nós da minha cabeça,
o cheiro da terra revolvida,
o flutuar dos sentimentos:
vermelho.

O voar rápido de andorinhas,
o balançar leve dos coqueiros,
o pousar suave das borboletas:
branco.

Turbulência e Paz!

O vai e vem da vida
que tudo leva e traz.



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Ivete Luz