sábado, 6 de setembro de 2014

AS VOLTAS DO AMOR



AS VOLTAS DO AMOR

Menino bonito de cabelo loiro
olhou para menina morena de cabelo amarrado.
Olhar doce puxou olhar terno,
sorriso feliz puxou alegria nos lábios,
e estes, silenciosamente, num instante eterno
puxaram sentimentos de estrelas 
e girassóis guardados.

Então, por dois verões
olhares puros substituíram palavras,
corações bem longe acelerados,
menino e menina
de um jeito sem jeito
descobriram-se apaixonados.


Menino sumiu.
Menina cresceu.

Sete outonos se desfolharam.
Sete outonos se calaram.
Dois olhares trancados
e fechados caracóis.


Um dia nova folha da árvore caiu,
novo céu azul se abriu:
menino moço chegou,
ao seu amor se declarou,
menina moça sorriu.
Sete longas eras de gelo que havia
no frio de inverno
naquele instante se derretia.
Apenas flor da anunciada primavera
testemunhava toda magia.


Mas a distância aconteceu,
palavras no papel,
lua no céu
dia e noite, noite e dia
Palavras não ditas,
apenas escritas
transformavam-se em rosas
naquele amor em prosa
sendo a sua  única estrela guia.
Amor cheio de saudade
mesmo longe os encantava na mocidade,
colocava sonho em cada verso
que a moça escrevia.


Um dia, no meio das dores da vida,
o vento não mais levara palavras perfumadas
nem risos de alegria,
levara somente
adeus e despedida.
Corações partidos, mundos diferentes,
tudo novo com nova gente.
Apagou-se da memória
o verdadeiro amor daquela história.
Não mais o sol e o vento se amarraram
nas belas mensagens que levavam e traziam
tristemente restaram,
no entanto, somente pranto que fluía
e palavras congeladas em frias gavetas guardadas.


A paixão se desfez.
Mulher se fez.
Homem se fez.
Novo tempo os fez.
Outro mundo que se fez
sem estrelas e girassóis.
Rumos diferentes seguidos
cada um, a sós,
outros castelos construídos com laços e nós.
Laços que embrulharam presentes,
nós que ligaram tormentos.
Luzes no firmamento,
lágrimas roladas por dentro.

Trinta ventos, trinta tempos,
trinta invernos e verões voaram.
Novamente uniu o destino
a menina ao menino,
quando os beija-flores voltaram.
Novamente seu amor o menino declarou,
mais uma vez os olhares brilharam
com o sorriso que voltou.
Assim, nas palavras das linhas incertas da vida,
na maturidade vivida
a feliz menina reencontrou seu amado .
Ele entregou-lhe borboletas coloridas,
chamou-a de amor e de querida,
e com toda sua nobreza e cuidado
a fez princesa
de seu castelo encantado.
Ivete Luz - unhasvermelhaspoeticas.blogspot.com







Nenhum comentário:

Postar um comentário