Cedinho
sol nas costas
brisa da manhã
pedreiro na massa
revolvendo ali
sua força de raça ativa...
caminho
pensativa
gente com mãos nos bolsos
cabeças enterradas num boné
se escondendo do medo
e ainda é cedo...
apresso o passo
com meu segredo
mulheres lavando calçadas
na cidade empoeirada
escravas da bestialidade
tristeza no olhar
alienadas...
caminho
indignada
azaleia florida
formosa
celebrando a vida...
caminho
agradecida
homem e escuros óculos
não mostrando
o que seria um olhar bonito...
incoerência
com o azul do infinito
prédio colorido
alegrando a caminhada...
saudades de nada
casa velha calada
história contada
belos quintais
roupas nos varais...
caminho
costumes matinais
um aperto de mão
aquecendo o frio
convidando à oração...
caminho
pensando no perdão
passo
passo
passo
passo
cansaço...
é preciso parar
sofre o coração...
ponto final
sem ritmo
sem canção