sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CEDINHO



Cedinho

sol nas costas
brisa da manhã
pedreiro na massa
revolvendo  ali
sua força de raça ativa...
caminho
pensativa

gente com mãos nos bolsos
cabeças enterradas num boné
se escondendo do medo
e ainda é cedo...
apresso o passo
com  meu segredo




mulheres  lavando calçadas
na cidade empoeirada
escravas da bestialidade
tristeza no olhar
alienadas...
caminho
indignada

azaleia  florida
formosa
celebrando a vida...
caminho
agradecida

homem  e  escuros óculos
não mostrando
o que seria um olhar bonito...
incoerência
com o azul do infinito

prédio colorido
alegrando  a caminhada...
saudades de nada

casa velha calada
história contada
belos quintais
roupas nos varais...
caminho
costumes matinais

um aperto  de mão
aquecendo o frio
convidando à oração...
caminho
pensando no perdão

passo 
passo
passo
passo
cansaço...

é preciso parar
sofre o coração...
ponto final
sem ritmo
sem canção

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