sexta-feira, 6 de março de 2015

A CASA AZUL ( CRÔNICA)

A Casa Azul

A casa parecia ter morrido, com o descascado da tinta das paredes, com as plantas sem poda, com a grama alta, com as teias nas frestas, com as janelas emperradas, com os ciscos nas calçadas, que o vento levemente os fazia rodopiar.
Lentamente, a chave girava na fechadura da porta da sala que dava na varanda..., e, então, a porta foi se abrindo..., mesmo estando vazia, a casa estava mais viva que nunca e o espírito da casa sorria... Sorria no barulho das crianças engatinhando pelo chão, correndo pelo corredor e subindo no sofá cor de rosa... Sorria no som das gargalhadas das piadas após o almoço que se esticava, que agora ecoavam pelas paredes da cozinha... Sorria no cheiro de madeira dos móveis antigos, no cheiro do café da manhã, do bolinho de chuva, do pão assando ou do bolo de brevidade... Sorria no balançar da rede bege, na vista da paisagem ao longe onde as árvores iluminadas pelo sol do final da tarde se emendavam com as nuvens claras... Sorria principalmente embaixo da grande mangueira do quintal que abrigava e abraçava tantos risos, comilanças, brincadeiras e músicas da família aos domingos. 
Tudo está vivo. De um jeito diferente. Tudo está vivo no ar e dentro de cada um que viveu naquela casa azul.

Nenhum comentário:

Postar um comentário