FELICIDADE CAIPIRINHA

Felicidade Caipirinha

A menina Beatriz
bebe de olhos fechados,
no copo das mãos,
água fresquinha
que desce da mina
pelo cano de bambu.

Fecha com varinha

bezerro malhado no curral,

senta na porteira grande,

faz dela um balanço

e abre os braços
para o céu azul.

A menina aprendiz

descasca milho na tulha

para a galinha Doralice,

obedece  o que a mãe diz

“Enxugue a louça, varra o quintal”.

Tira cinza do forno redondo

com pedaço de pau.

Ela corre, pula, fica ralada,

molha o cabelo na cachoeira,

as abelhas  cutuca,

monta arapuca,

na lesma joga sal.

A menina feliz

se  encanta com os coques da avó,

faz bolinhos de barro,

lata de banha vira carro,

com rodas de limão.

É  bagunça de dar dó!

Nunca se cansa

tal qual moleque arteiro,

com seu jeito sapeca

costura roupa de boneca.

Quer ver longe, muito  longe

até onde a vista alcança

do mais alto abacateiro.

A menina atriz

canta, dança no terreirão,

imita sabiá , galo e pato,

sobe o morro

à procura do companheiro,

o fiel cachorro Tarzan.

Sumiu a menina, cadê?

Na mangueira está ela,

Desce, pega café maduro

doce vermelhinho,
leva cural pro vizinho.

A noite chega
e traz  sapo no escuro.
De mãozinhas grudadas
pede ao seu anjinho

pelo novo sol da  manhã.